segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Diga não às Drogas


– É o senhor! É o senhor o responsável pela entrada de drogas na faculdade! – Gritou a senhora bem vestida, com uma bolsa a tiracolo, que acabara de descer de um táxi. Eu fiquei paralisado com os passos interrompidos entre o primeiro e o segundo degraus de uma pequena escada que dava acesso à minha sala de trabalho, no prédio central da então Faculdade de Ciências Agrárias do Pará (FCAP), hoje Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra).
Ufa! Tentei me recompor. Tinha eu acabado de estacionar o meu Toyota Bandeirantes, 1980, taipá de madeira com o qual transitava por Belém afora e que me levava diariamente para o trabalho. Era o ano de 1992, por aí assim. Voltei e fui ao encontro da senhora. Era uma senhora bem trajada, porém, um pouco agitada. Pedi pra ela repetir o que tinha dito. Ela mais agitada ainda, repetiu:
– É o senhor, é o senhor que é o responsável pela entrada de drogas nessa faculdade!
Gritou novamente e fazendo o gesto de abrir a bolsa que levava a tiracolo. Num lampejar, pensei, apavorado:
– Ela vai tirar um revólver pra me matar! Não tive nenhuma outra reação a não ser aguardar o tiro quiçá fatal! Em vez do revólver, tirou um caderno de anotações. Gesticulava sem parar e falava coisas que não lembro. Refeito, percebi a situação e entrei na dela:
– Veja aqui, minha senhora! Leia o que está escrito no pára-choques do meu caminhãozinho!
Falei pra ela apontando para o pára-choques traseiro onde se lia: “Diga não às drogas!”.

Ela fez que viu e leu. Em seguida, voltou para o táxi que à esperava mais adiante, subiu e sumiu na direção da saída da faculdade. Eu, recuperado do susto me dirigi à sala do Departamento de Fitossanidade, peguei o telefone e liguei para a secretária do diretor:

– Ei, tem uma senhora no campus da FCAP dizendo coisas sobre drogas na faculdade!
– Ah professor, ela acabou de sair daqui da diretoria! Falou a mesma coisa para o diretor!