Diga não às Drogas
Ufa! Tentei me recompor. Tinha eu acabado de estacionar o meu Toyota Bandeirantes, 1980, taipá de madeira com o qual transitava por Belém afora e que me levava diariamente para o trabalho. Era o ano de 1992, por aí assim. Voltei e fui ao encontro da senhora. Era uma senhora bem trajada, porém, um pouco agitada. Pedi pra ela repetir o que tinha dito. Ela mais agitada ainda, repetiu:
– É o senhor, é o senhor que é o responsável pela entrada de drogas nessa faculdade!
Gritou novamente e fazendo o gesto de abrir a bolsa que levava a tiracolo. Num lampejar, pensei, apavorado:
– Ela vai tirar um revólver pra me matar! Não tive nenhuma outra reação a não ser aguardar o tiro quiçá fatal! Em vez do revólver, tirou um caderno de anotações. Gesticulava sem parar e falava coisas que não lembro. Refeito, percebi a situação e entrei na dela:
– Veja aqui, minha senhora! Leia o que está escrito no pára-choques do meu caminhãozinho!
Falei pra ela apontando para o pára-choques traseiro onde se lia: “Diga não às drogas!”.
Ela fez que viu e leu. Em seguida, voltou para o táxi que à esperava mais adiante, subiu e sumiu na direção da saída da faculdade. Eu, recuperado do susto me dirigi à sala do Departamento de Fitossanidade, peguei o telefone e liguei para a secretária do diretor:
– Ei, tem uma senhora no campus da FCAP dizendo coisas sobre drogas na faculdade!
– Ah professor, ela acabou de sair daqui da diretoria! Falou a mesma coisa para o diretor!