terça-feira, 21 de junho de 2011

Tributo a um grande mestre.

Quis o destino que eu não tenha sabido do falecimento do meu querido e estimado Prof. Calzavara em tempo hábil para prestar-lhes a última homenagem.
Desde fevereiro deste ano estamos eu e minha nova família morando na cidade de Soure, no Marajó. Neste sábado 18, porém, por um daqueles sinais não explicáveis, me deu uma vontade enorme de pesquisar o nome Batista Benito Gabriel Calzavara no Google, na internet. Não sei porquê, mas fiz isso. E para a minha triste surpresa entre outros resultados encontrei um que informava do falecimento do Dr. Calzavara. Puxa vida, pensei! Morava no mesmo prédio que o Benito, seu filho. A gente se cruzava ocasionalmente por lá e desta vez foi impossível. Estava eu em Soure. A comunicação aqui não é das mais fáceis. Televisão só a Liberal e a Cultura, se não tiver antena parabólica.Ee a gente não tinhauma... Da UFRA recebo diariamente mensagens eletrônicas da assessoria de comunicação, ASCOM, mas não li ou não recebi nenhuma referente ao triste fato.
“Esse Gondim é da Paraíba? – Sim, senhor! Esse Gondim é de Areia? -- Sim, senhor! Esse Gondim é parente do Juquinha? -- Sim, senhor!” Foi mais ou menos assim o diálogo que o Dr. Calzavara teve com o meu saudoso e querido pai em Clevelândia, Amapá nos idos dos anos 60! Meu pai era do exército brasileiro e estava servindo por lá. O Dr. Calzavara mais o Dr. Rubens Lima, Dr. Eurico Pinheiro (saudoso!) e outros que não lembro agora, estavam em missão técnica do IAN/IPEAN por lá. Na recepção aos mesmos a tropa estava perfilada para a “revista” dos viajantes e o papai estava na primeira fila. O Dr. Calzavara ao ler o nome Gondim na farda estabeleceu esse diálogo. Ao final da confirmação o Dr. Calzavara deu um caloroso abraço em meu pai quebrando certamente todo o protocolo da cerimônia. Este episódio meu saudoso pai contava com carinho e satisfação. Fui saber que o Prof. Calzavara formou-se em agronomia na Escola de Agronomia de Areia, Paraíba, que ficava ao lado do engenho de meu estimado avô onde o querido mestre passava horas e horas...
Bem, tenho muitas outras felizes recordações deste que foi o meu grande mestre na agronomia. Foi através da generosidade dele que entrei na vida de professor da então FCAP. Ele me guardou na minha primeira aula de Silvicultura que tive que dar! Permaneceu na sala de aula até o final! Fiquei feliz e me encorajei na novíssima e inusitada função de professor que iniciara.
Foi ele também uma das testemunhas de meu primeiro casamento! Ele e o saudoso Álvaro Pantoja, o Pimentinha! Quanta responsabilidade, pensei naquela época!
A vida quis assim. Guardo essas e outras recordações. Guardo a generosidade! A enorme competência profissional! Guardo o pioneirismo na agronomia no Pará e na Amazônia! Guardo a imagem de um homem forte, decidido, de passos largos vindo da antiga horta da fitotecnia da FCAP/UFRA!
Esse é o meu mestre eterno Calzavara!