sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Os Dois Irmãos.

Um fez agronomia, o outro engenharia florestal. Ambos na mesma época de FCAP, hoje UFRA. Um era brincalhão, o outro mais ainda. Um criou a Festa das Mocréias o outro ajudou a criar. O mais velho era um pouco mais calmo, o mais novo mais agitado. Um casou, por incrível que possa parecer, com uma colega de turma, o outro casou depois de formado, mas não com nenhuma colega. Um me apresentou a Banda do Cupijó o outro levou a banda em uma aula prática, claro com a minha autorização. Ambos enfim aproveitaram suas juventudes com toda a pujança e vigor!
Hoje os dois irmãos estão empreendendo uma das mais formidáveis iniciativas produtivas na cidade marajoara de Soure: Uma fábrica de produtos do côco (Cocus nucifera, aquela palmeira que emoldura uma grande extensão do litoral brasileiro, inclusive o de Soure, de cujas partes se aproveitam quase tudo.)
Um trepado em uma viga metálica de um grande galpão em construção, todo equipado com apetrechos de segurança soldando as peças da estrutura, o outro cuidando do piso lajotado que fazia parte da fábrica.
Um transportando uma “velha” caldeira para geração de eletricidade a partir da biomassa encontrada no meio da floresta em Redenção, Pará. O outro arrumando mão de obra e matéria prima para fazer a caldeira funcionar em Soure, Pará.
Ambos preocupados com o elevado consumo de energia elétrica da única fábrica de gelo em escamas que abastece os barcos pesqueiros de Soure.
Ambos heróicos empreendedores em uma terra em que o extrativismo e o isolamento ainda não deixaram a agricultura sustentável chegar.
Esses são os irmãos Nunes, dois de meus ex-alunos de ecologia na Universidade Federal Rural da Amazônia que nos idos de 1992 era ainda a Faculdade de Ciências Agrárias do Pará.